Estamos convencidos de que o mundo pós pandemia não é mais o mesmo. Alguns movimentos que vinham acontecendo foram acelerados, empresas descobriram que os seus empregados podem trabalhar de casa e entregarem resultados, professores constataram que a tecnologia veio para ficar, mas especialmente um movimento acredito que irá crescer nos próximos anos, os da Empresa B.
Antes de falar sobre a Certificação B preciso introduzir um contexto sobre o mercado de ações no Brasil.
Houve um aumento significativo de brasileiros investindo na B3, a nossa bolsa de valores, são 2.3 milhões de CPF, e de janeiro a abril aumentou em 33 bilhões as movimentações vindas de brasileiros.
Uma das avaliações que um investidor faz é verificar o Valuation, ou seja, qual o valor da empresa incluindo o valor intrínseco, e projetar o valor de suas ações para o futuro. E é aí que entra o conceito de Empresa B.
Essa avaliação não levava em conta a consciência social e ambiental dos fundadores. Se considerarmos o papel, eles valiam tanto quanto um concorrente qualquer.
Com essa consciência na cabeça, três empresários americanos, Andrew Kassoy, Bart Houlahan e Jay C. Gilbert, criaram o B Lab e passaram a se dedicar a criar uma certificação de forma a identificar Cias que não só demonstravam lucro mas também cumpriam metas sociais, ambientais com transparência.
Gilbert explicou isso em uma palestra do TED Talks em 2010 quando ele diz “Os padrões importam porque uma boa empresa é diferente do bom marketing”.
A empresa de fato precisa estar disposta a alterar seu modelo de negócio, mudar práticas, implantar indicadores (são mais de 160) e isso exige investimento e tempo, empresas podem levar até um ano para conseguir a certificação.
Ana Sarkovas, Representante do B Lab no Conselho do Sistema B Brasil explica que não se trata de empresas que direcionam verbas para investimentos sociais que muitas vezes está desatrelado do negócio, mas eles buscam empresas que tem em sua razão de existência não só a preocupação de gerar lucro para seus acionistas, mas também direcionem para questão social, ambiental no mesmo peso do retorno financeiro.
No mundo já são mais de 3.500 empresas certificadas e no Brasil temos pouco mais de 100 empresas entre elas, a Natura, 99jobs, Geekie, Mãe Terra ente outras.
Se você está pensando que isso é só para grandes empresas está enganado, o que importa é o compromisso e não o tamanho, “há empresas de consultoria com zero funcionários até empresas com milhares de colaboradores”, diz Ana Sarkovas. Atualmente 70% das certificadas são de pequeno e médio porte.
Caso a companhia tenha menos de um ano de operação, é possível “nascer” B, é algo que as startups estão procurando muito, é preciso incluir no contrato social as mesmas cláusulas obrigatórias que exigem a consideração de interesses de seus acionistas, empregados, fornecedores, consumidores, comunidade e meio ambiente.
Fica claro a intenção da empresa, quem fica rico? Quem se beneficia? Como meus funcionários são tratados? Quem são meus fornecedores?
Não há dúvida que conforme cresce o número de pessoas preocupadas em consumir de maneira consciente, especialmente os jovens da nova geração, ter um selo tipo B pode fazer diferença na hora da tomada de decisão, tanto nas prateleiras quanto na hora de assinar um contrato de trabalho.
Ah e se você pensa que B vem de plano B ou de algo secundário, saiba que B é de Benefícios.
Se você é empresário de pequeno ou grande porte, pense se não vale a pena elevar sua empresa para outro patamar e se juntar as mais de 100 Empresas B do Brasil.
Um forte abraço
Sandra Miguel
CoFundadora da Ablesystem